domingo, dezembro 11, 2005

Natal

O Natal aproxima-se. Cada x gosto menos do Natal. Deixa-me triste, deprimido. Se já antes o fazia, agora muito mais. Saio à rua e vejo competições de vizinhos a ver quem tem mais luzes. Vou às compras e tudo me parece ridículo. "Promoção de Natal: gambas a xx €". Mas que raio têm as gambas a ver com o Natal?! As gambas e tudo o resto, que têm tanto a ver com o Natal como com a Páscoa ou qualquer outra altura... Vejo as pessoas numa correria, em filas para comprar os presentes. Observo-as nesse frenesim, completamente stressadas. É isto o Natal? Olho as pessoas, examino-as e não as vejo felizes nesta altura. Vejo-as sim, completamente stressadas a tentar comprar tudo enquanto é tempo, a correrem e a atropelarem-se para estar na fila dos embrulhos... Ouço a música de Natal e sinto-me só. Não sei explicar porquê. O Natal faz-me sentir só.
Acho que só conseguirei gostar do Natal quando um dia tiver filhos. Nessa altura sim, acho que conseguirei gostar novamente desta época. O Natal é para mim cada x mais das crianças e menos dos adultos. Para as crianças é alegria, são prendas, brinquedos novos. É uma altura mágica. Quem me dera ser criança novamente... Esperar ansiosamente o momento de abrir as prendas e sentir-me feliz, aconchegado.
Tenho que comprar prendas. Stressa-me ter que o fazer. Há muito que o Natal se tornou uma obrigação. Cada x mais se dão prendas por obrigação. Damos pq sabemos q vamos receber, damos pq é suposto darmos nesta altura. Tudo à nossa volta nos obriga a isso, nos pressiona a tornar a noite de 24 para 25 na "noite das prendas". Eu sempre gostei mais da frase "O Natal é quando o Homem quer". Dar sem datas marcadas é muito mais genuíno. Dar por se gostar e não dar por obrigação. Não quero com isto dizer que uma maioria das prendas que se dão não sejam por se gostar. O que acho é que cada x mais somos pressionados a dar, a rendermo-nos ao comércio e ao fazer isto esquecemos o que deveria realmente ser o Natal.
Natal não deveria ser comércio. Deveria ser paz, carinho, Amor, família. Mas... é preciso haver um dia para isso tudo? Para mim isso deveria ser nos 365 dias que o ano tem... É preciso datas para celebrarmos o Amor? É preciso alturas para darmos? É preciso que nos lembrem que temos que dar prendas a quem gostamos?
Acho que vou mudar o meu Natal para algum dia lá para o meio do Verão. Vai ser a minha forma de protestar contra isto tudo. Chego a meio de Agosto, compro prendas para toda a gente e entrego-as dizendo Feliz Natal. Acho que teria muito mais significado e seria bem mais marcante... Tou a brincar...

Está a chegar o Natal... Tenho pouca coisa a pedir ao Pai Natal. Não quero muito, ou melhor, o pouco que quero já seria muito para mim. Não quero bens materiais, não quero dinheiro nem sucesso. Disso tenho o suficiente para viver descansado. Não sou muito exigente... Queria estabilizar novamente a minha vida. Encontrar um caminho seguro para eu seguir. Encontrar novamente um motivo para sonhar e acreditar no que se sonha. E embora a vida me comece a apresentar alguns caminhos novos, queria acreditar num deles. Ainda não consigo, mas talvez o Pai Natal me inspire e me faça acreditar. Queria sentir-me bem ao seguir um desses caminhos, aliás, bem não porque bem eu sinto. Muito bem, excepcionalmente bem. Completo. Queria sentir e pensar "vou por aqui pois acredito que neste caminho me sentirei feliz". Pai Natal, faz-me acreditar...
11/12/2005