Watching the stars fall
E a chuva veio. E com o tempo, levou tudo. As palavras. Os momentos. Os sentimentos.
Quem és tu, que eu não conheço em mim? Em que parte de mim te perdi? Quem és tu? Quem és tu, que eu não lembro?
O teu nome está vazio. Não tem nada associado. O teu nome é uma caixa sem nada lá dentro. Tu não és tu e eu não sei quem és. Que foi feito de ti? Quem eras tu para mim?
E o tempo passou. E as mãos esvaziaram-se de alma e recordações. E os olhos perderam todas as imagens que tinham de dias que se foram esquecendo. E a voz gritou um nome até se esquecer do que esse nome significava. Um som. Um som já sem qualquer sentido.
E ela veio e levou-o com ele. E foram, juntos, para onde sempre pertenceram. De mãos dadas rumo ao esquecimento. E sonharam alto como crianças.
E vieram todos. Os elefantes e as girafas. Os leões e os macacos. Os sapos e os caracóis. As aves e os peixes. Os palhaços e os anões. O homem-de-ferro e a trapezista.
E dançaram. Rodopiaram em alegria. Viveram esse último dia como se fosse o primeiro. Com a alegria de uma vida que começa. Com a força de quem sonha com todo o coração.
E os anjos cantaram o Amor verdadeiro. Cercaram-nos em alegria. E dançaram, também, de mãos dadas.
E ele abraçou-a pela última vez. Com a intensidade de duas almas que se abraçam. Olhou-a nos olhos e disse "Espero por ti do outro lado. Amo-te.". E foi. Atravessou o rio e sentou-se na outra margem. E a ponte ruiu atrás de si.
E esperou que o tempo passasse. Esperou que o sol voltasse a nascer e as estrelas voltassem a brilhar. Esperou que as aves cantassem de novo. Esperou e esperou e esperou. Até se esquecer por que motivo esperava.
E a chuva veio. E com o vento, lavou tudo. A alma. O coração. Os olhos. As mãos. A voz.
Quem és tu? Quem és tu, que eu não conheço em mim? Quem és tu, que eu não lembro?
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