quarta-feira, julho 19, 2006

Nóia

Vivemos num mundo em que desde pequenos tudo à nossa volta nos faz crescer a acreditar no Amor perfeito. São os filmes, as novelas, os livros, as músicas, tudo, tudo, tudo. Acabamos por nos convencer que é assim realmente o Amor, como nos filmes e nos livros. Que basta conhecermos a pessoa amada e pronto, está garantido o final feliz. Aqui e ali há filmes e livros que nos tentam avisar de que não é bem assim... Mas como são tão poucos no meio disto tudo, acabam por não chegar para nos mentalizar sobre o que é realmente esta história de relações e sentimentos.
Quem nos avisa de que se nos dermos totalmente o mais provável é o outro deixar de sentir o mesmo por nós pelo simples facto de se sentir demasiado seguro e acabar por perder o interesse uma vez que "já não há luta"? E quem avisa o outro lado de que quando vir que nos perdeu para outra pessoa é que se vai aperceber de que nós éramos tudo o que queria? Quem perde tempo a explicar-nos que a pessoa certa para nós é aquela que conjuga "química" com "dedicação" e que pessoas dessas há milhares no mundo? Quem nos avisa de que a insegurança destrói tudo, até o mais forte dos sentimentos?
Uma relação só se mantém havendo equilibrio no dar e receber. Embora haja sempre um lado que dá mais, quando o desnível atinge determinado ponto tudo se desmorona. Em relações de desnível basta surgir um factor externo (outra pessoa) que disperte interesse num dos lados e puff, foi-se a relação.
A pessoa certa para nós é a que concentra em si mais qualidades que procuramos em alguém. É aquela por quem sentimos atracção e desejo mas que para além disso nos faz sentir amados. É aquela com quem conseguimos falar de tudo. É aquela que nos surpreende, que telefona só para dizer o quanto gosta de nós, que está lá quando precisamos. É aquela de quem mais sentimos a falta quando tudo desaba à nossa volta, aquela que nos deixa adormecer nos seus braços quando estamos exaustos, aquela que não se limita a palavras...

Há quem fale em Destino, almas-gémeas, Amor verdadeiro... Tudo tretas. O Amor é uma guerra, uma luta constante. E é sempre uma questão de tempo até que a aparente paz de uma relação seja atingida por um soco de realidade. É sempre uma questão de tempo até que alguém acorde um dia e pense "É isto que eu quero?". E tudo isto porquê? Porque para nós o Amor tem que ser como nos filmes e procuramos incessantemente encontrá-lo, relação atrás de relação. E muitas vezes só nos mantemos no que temos, não por achar que o que temos é o Amor dos filmes, mas por não vermos à nossa volta oportunidade de mudar.

E após isto tudo poderia parecer que estou desiludido, que não acredito em Amor eterno. Mas não... Eu acredito e sonho com isso e é esse acreditar que me faz dar sem limites. A esperança é a última a morrer.