Insomniac

Bem... Há noites em que vale a pena ter insónias. Acabei de ver na Sic Radical um concerto dos Gift de 2001, da era "Film". Era basicamente a apresentação do disco, com convidados especiais, onde se falava da história dos Gift e também das músicas do, então, novo CD.

Tenho a sorte e o previlégio de ter assistido a concertos de todas as tours dos Gift. Do início, dos tempos do Vinyl, ao primeiro boom que foi a "Film tour" e depois nos últimos tempos com a "AM-FM tour" e a "Fácil de Entender Tour". Já tinha saudades de ver um concerto mais antigo, com músicas que eles não têm tocado ultimamente. Ainda me lembro de os ver pela primeira vez e de me ter apaixonado logo. A voz, as letras, as melodias. Tudo mexeu comigo desde o primeiro momento. Já perdi a conta aos concertos dos Gift a que assisti, mas em todos há momentos que me tocam, em que me sinto invadido de sentimentos. Acho que é por isso que gosto tanto de os ver e ouvir: fazem-me sentir.

No fundo, apaziguam a minha fome imensa de sentimento. A minha necessidade eterna de sentir que me tocam a alma. Porque a vida só faz sentido com os sentimentos. Sentir, sentir, sentir... Sentir um Amor que nos agarra violentamente e nos faz ser maior do que somos. Que nos faça chorar de felicidade ou de raiva ou de tristeza, que nos faça sentir. Um Amor que seja capaz de nos fazer sentir que amamos com cada célula do nosso corpo. Como uma força que nos move diariamente, que nos catapulta para momentos que nos marcarão até ao fim das nossas vidas. Todos procuramos esse grande sentimento. Mas muito poucos o acham. A maioria de nós contentar-se-á com sentimentos mais ténues, prendidos ao hábito, à segurança e ao medo de ficar sozinho. A maioria de nós chegará ao fim e saberá que não viveu um grande amor. E alguns viverão infernos em relações falhadas, em crises de incompatibilidade e finalmente em divórcios. Quantos de nós passam o dia sem realmente sentir? Quantos de nós passam pelos dias agarrados somente às preocupações, ao trabalho, às rotinas? Quantos de nós são capazes de soltar a loucura que existe dentro de todos nós? É preciso coragem. É preciso vontade. É preciso força. É preciso querer viver e sentir intensamente.

Sou uma pessoa feliz. Cada vez mais tenho a noção disso. Não há dia em que não ria. Mesmo nos dias muito maus, há uma parte de mim capaz de rir do meu humor negro. Não há dia em que não sinta. Quer sejam sentimentos felizes ou tristes. Eu sinto. Preciso de sentir para me aperceber que estou vivo. Tudo me faz sentir. Os pequenos pormenores da vida, as conversas, o que me rodeia, o que ouço ou vejo, as luzes e as cores, tudo tudo tudo tudo. Sentir muito é um pau de dois bicos. Porque os sentimentos existem em opostos e quem sente muito tanto sente muito a felicidade como a dor. O meio termo é o abrandamento de tudo, do bom e do mau. Sentir é um risco. Porém, um grande Amor nunca estará no meio termo.