terça-feira, junho 13, 2006

Viver nos ponteiros do relógio

Há alturas em que desejava andar uns tempos para a frente. Ou então apagar o último ano e ficar vazio de memória.
Gostava de recomeçar a viver rapidamente noutro local. Conhecer pessoas novas. Faz-me imensa falta a mudança. O quebrar das rotinas. O entusiasmo do conhecer o que é novo para nós. Estou cansado dos mesmos locais, das mesmas pessoas, das mesmas histórias, do ritmo arrastado que a vida parece ter.
O Passado é passado e já lá vai, não volta. O Passado nunca volta, nunca nada se repete da mesma maneira, é sempre diferente. O Presente não me faz feliz. A minha esperança está toda depositada no Futuro. Num futuro noutro lugar. Com pessoas novas mas mantendo todas as outras sem as quais não consigo viver.

Estou a ter dificuldades em me re-apaixonar por outra pessoa. E o mais estúpido é que quanto maior é essa minha dificuldade mais pessoas interessadas parecem aparecer. Não consigo. Pareço preso apesar de toda a minha disponibilidade em encontrar quem me faça feliz. Já tentei faze-lo de uma forma racional. Pensar "esta rapariga tem todas as qualidades que procuro em alguém". E no entanto não funciona. É bonita? Sim. É inteligente? Sim. Gosta de mim e está disposta a avançar? Sim. Dou-me bem com ela? Sim. Porém não existe aquele "clic". Não existe aquela febre que nos faz sonhar, que nos faz imaginar. E o que é uma relação sem isso? Sem a loucura? Sem o sentimento que mexe connosco, que nos faz chorar de dor ou irradiar alegria? Não é nada. É uma monotonia. Então não consigo.
Preciso mesmo de cortar contacto com tudo o que me faz prender. Desprender-me das memórias de momentos e sentimentos que não me fazem feliz. Fugir de lugares que estão tão carregados de memória e substituí-los por lugares novos, prontos a serem preenchidos de sentimentos e momentos novos. Preciso daquele momento em que se começam a fazer as malas e a transportar as nossas coisas para outro local.

Já faltou mais e eu estou ansioso por que o tempo passe!