terça-feira, agosto 29, 2006

Fuck it all

Há alturas em que gostava de ter Alzheimer, n me recordar de nada. Arrancar o coração do peito e jogá-lo fora. Ter uma memória selectiva. Esquecer-me de tanta coisa. Ser frio. Quero ser frio. Como gelo. Não sentir, não lembrar, não recordar, não sofrer. Quando não penso estou vazio, quando penso encho-me de tristeza e saudade.
Não quero olhar para trás e sentir saudade, quero olhar para trás e não ver nada. Aliás, não quero olhar para trás sequer. Quando olho deixo de acreditar em Amor. Perco por completo toda a crença em Amor.

Amor? Que merda é essa? Para que serve? Gostar de alguém realmente... Achar que essa pessoa é a certa para nós. Sentir que mais ninguém nos consegue fazer sentir tão bem, que essa pessoa nos completa. Sentir que há sempre coisas para contar, que as conversas não têm fim nunca. Sentir aquela química, desejo, vontade de agarrar, de abraçar, de beijar... Sentir que essa pessoa é perfeita para nós da forma que é, que não mudávamos nada. Sentir uma falta enorme quando não estamos com ela, sentir saudades, necessidade de ver. Achar que essa pessoa é a nossa alma-gémea. Viver momentos tão intensos e especiais que nos faz achar ser impossível que não façam sentido. Sentir que o Destino nos juntou e olhar para os pormenores que fazem arrepiar. Sentir necessidade de que essa pessoa faça parte da nossa vida, querer que faça parte dela para sempre. Dar as mãos e sentir que encaixam na perfeição. Beijar e tocar o coração. Fazer amor intensamente como se duas almas encaixassem em movimentos divinos. Ver os olhos brilhar. Sorrisos que parecem tão tão certos. Sentir isso tudo para quê? Porquê? Se um sentimento assim não está certo então não consigo acreditar mais em sentimentos.

No Amor não há meio termo, ou é tudo ou nada. No Amor não há espaço para mais nenhum sentimento. Quem Ama só é feliz se puder Amar sem limites. Um Amor com limites é um colete de forças da alma, é um veneno, é um muro que nos separa da felicidade, é um sentimento que nos asfixia. Enquanto houver Amor não poderá haver nunca Amizade somente. Só o consegue quem não Ama realmente.

Queria ter Alzheimer. Queria apagar tudo e nada lembrar. Quero que tudo isso morra em mim e não vou deixar nunca mais que os sentimentos me mintam e enganem, que me iludam e me façam achar que é possível ser feliz ali.

Eu sou de toda a gente e já não sou de ninguém.