segunda-feira, março 27, 2006

Fragile

O mundo não gira à tua volta. O tempo não é teu. E cada vez que te iludes nessa grandeza só te tornas mais pequena.
Nada é eterno. Nada é certo. Nada é constante.
E eu sei que sabes isso tudo. Mas por vezes parece-me que te iludes nessa certeza tão falsa e enganadora. Tenho receio do dia em que tomares consciência da fragilidade de tudo.
Pensar que temos em nossa posse o coração de alguém é como encher os bolsos de água pensando que quando os esvaziarmos obteremos a mesma água que lá depositámos. Só um tolo pode ter como certo aquilo que mais facilmente varia, que é mais frágil, que se altera com um simples pensamento ou momento: os sentimentos de outra pessoa.
Eu sei que a culpa é minha que um dia pus o meu coração nas tuas mãos. E tu feriste-o. E não mais eu quis que o segurasses. Não mais eu me senti seguro para o fazer. E se me dou, e se me aproximo, e se me tens aqui não é por teres o meu coração nas mãos... é porque eu te dou mais uma oportunidade de lutares por ele, mais uma oportunidade de me fazeres acreditar que to posso confiar. Mesmo que o queiras, Amor, eu não to dou enquanto não acreditar que não o vais ferir novamente. Por isso não te iludas Amor. Não penses que estou aqui como um dia estive. Não te iludas que o que menos quero é desiludir-te.
Tu não sabes nem imaginas como é tudo tão mais frágil do que aparenta.

O Amor é como um pássaro que seguras nas tuas mãos. Se o apertares demasiado ele sufoca. Se te descuidares e o libertares ele voa para longe. Sufocas-me quando quero voar e libertas-me quando quero que me segures. Eu só queria o meio-termo, o equilíbrio. Eu sou um pequeno pássaro a aprender a voar, começando a tentar pular para que me possa atirar de cabeça para o vazio, para a vida, para o futuro.

Se há alturas em que me pergunto o que sinto por ti e o que quero sentir por ti, nestas duvido ainda mais e gostava de já não sentir nada, fico um bocado desiludido. Fazes-me perder a vontade de te ver, de falar contigo, de estar contigo. Tu fazes-me duvidar do que sinto, do que quero, do que vejo em ti. Quando duvidas eu duvido ainda mais do que tu.
É nestas alturas que me apercebo de como me conheces tão bem e tão mal ao mesmo tempo. É nestas alturas que me apercebo que entraste num ciclo vicioso do qual não queres sair. Quantas vezes tens que cair no buraco para te aperceberes que ele está lá?


Não sei o que quero mas sei o que não quero.