The Solitude of Heart

Há dias em que me sinto um animal abandonado. Dias em que precisava de ser acarinhado, que se metessem comigo e me fizessem sentir que o meu lugar é aqui. Contraditoriamente nesses dias refugio-me em mim, vou para o meu canto e fico ainda mais abandonado. Não procuro ninguém e no entanto espero por toda a gente. É sempre diferente quando nos telefonam porque têm vontade de conversar connosco em vez das vezes que nos telefonam só porque estamos todos fodidos. É totalmente diferente quando nos perguntam se queremos ir aqui ou ali pelo simples facto de quererem a nossa companhia em vez dos momentos em que o fazem porque nós dissemos que não estavamos bem. E tudo isto porquê? Porque uma coisa é fazerem-nos sentir que somos queridos ali não pelo nosso estado de espírito, não por estarmos todos fodidos mas única e simplesmente pela nossa presença e outra é sentirmos que nos convidam por pena ou para nos compensar do que quer que seja.
Quando me refugio a tendência das pessoas é pensarem que quero estar sozinho, que quero estar no meu espaço. Então deixam-me abandonar, por respeito à minha opção. "Se precisares estou aqui.". Preciso sim... Mas não é só quando estou todo fodido. É principalmente quando não o estou. Preciso mas é essencialmente que estejam sem eu o requisitar... Eu compreendo, pois ninguém adivinha...
Há dias em que me sinto um animal abandonado. Em que me apercebo de que de todas as pessoas que fazem parte da minha vida não há uma única que planeasse estar comigo nesse dia. Em que procuro a companhia das pessoas que me estão mais próximas (fisicamente, pois nem sempre o cansaço permite viagens longas) seja para lanchar, ir a algum lado ou simplesmente estar um bocadinho e não encontro ninguém. Toda a gente tem vidas cada vez mais ocupadas e cada vez mais vividas a dois. E isso é perfeitamente normal e compreensível. Eu sei que o meu problema é mesmo esse, o não ter com quem partilhar a vida. A minha vida é cada vez mais "eu comigo mesmo".
Sabe sempre tão bem quando alguém se lembra de nós. Quando nos ligam só porque tinham saudades nossas. Até o simples facto de comentarem o blog... Não imaginam como isso me faz sentir menos só. E na maioria das vezes perdia-se menos de um minuto a deixar qualquer coisa. Um "olá" ou assim...
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Há dias em que não encontro o meu lugar. Em que sinto que tantas e tantas vezes dei 1000 para receber 10 quando precisava nem que fosse de 100.
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Há dias em que me sinto completamente abandonado.